quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Igreja evangélica tupiniquim: fé de uns fede um pouco…

fedor Quero blogar um pouco sobre Igreja e eleição. Adianto que este não será um post sobre calvinismo, ok? Tenho recebido inúmeros recados por email, orkut e twitter sobre as Eleições 2010. Antes de tudo (ou mais nada), considero interessante a participação do pessoal no ciberespaço, através da indicação de candidatos de sua confiança. Isso é democracia! (ou, pelo menos, parte dela) No entanto, o que me deixa… o que me deixa… o que me deixa boquiaberto é a enxurrada de mensagens sem pé nem cabeça sobre algo que foi dito por um ex-bruxo ou determinado líder religioso acerca do futuro de nossa politica tupiniquim. Confuso? A menos que você tenha passado os últimos dias (sem o sentido escatológico, necessariamente) em Marte, sabe muito bem do que estou falando. Há uma verdadeira satanização midiático-fundamentalista ao partido dos trabalhadores, o PT.

Recapitulando… Tudo começou com um vídeo do pastor Piragine claramente contra o PT, bombando na net. Depois, foi a vez de relembrarmos da denúncia de Daniel Mastral, um ex-bruxo, sobre a possível associação de Michel Temer (vice da Dilma, candidata à presidência pelo PT) ao satanismo… Pra piorar a conspiração e deixá-la com cara de estórias-de-terror-ao-redor-da-fogueira, a Dilma já está quase morta, em decorrência de seu diagnóstico de câncer. Daí, em caso de morte do presidente, é o vice quem assume. Ele mesmo! O Temer. Elementar, meu caro Watson! Poderíamos discutir o passado “guerrilheiro” da candidata do Lula, embora o Serra também tenha participado da luta armada. Mas, cada um faz a leitura de guerrilheir@ como quer: mocinh@ ou bandid@, na Ditadura Militar. Também poderíamos discutir se o Temer tem pacto ou não com o demo… Enfim, não falarei sobre os Illuminates, loura do banheiro, mula sem cabeça… Não! O propósito deste post é dizer o que penso de toda essa satanização do PT.

Pensei em deixar pra lá... Ficar militando por essas coisas cansa... Sei do risco que corro de ouvir/ler que estou sendo o "do contra", o "apóstata", o "polêmico", o "liberal", “o que brinca com coisa séria”... Vamos lá! Sou cristão, evangélico, batista (mesma denominação do Piragine), calvinista, flamenguista, sempre Embaixador do Rei (uhul!)… Enfim, moçada, falo com amor e, nas palavras de Gramsci, me posiciono como um intelectual orgânico (um papo sobre evangélicos por quem é evangélico).

Creio que a razão pode caminhar de mãos dadas com a fé, numa boa! Às vezes, me sinto como se estivesse nos anos 60/70, quando a parte conservadora da igreja dizia que os comunistas eram comedores de criancinha (um terrorismo de discurso que beirava o ridículo). Lembro de uma época que nos preocupávamos em descobrir mensagens subliminares nos discos de vinil... Pelo menos, era divertido! Pra quem não sabe, a Aliança de Batistas do Brasil resolveu se manifestar a respeito da "iniquidade institucionalizada" combatida pelo Piragine... Acho que nunca tive tanto orgulho por ser batista! =)

http://www.novosdialogos.com/artigo.asp?id=272

Outro artigo muito bom é do José Barboza Junior (Crer e pensar), outro batista que me orgulha... Leitura recomendadíssima!!!

http://www.crerepensar.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=192&Itemid=26

Não busco demonizar o Piragine... Longe disso! De certa forma, acho que o ocorrido até "contribui" para que retiremos nosso olhar pulpitocêntrico (infalibilidade papal é catolicismo medieval...) e enxerguemos o evangelho sem uso do pânico (beirando o fundamentalismo). Pois bem! Eu apresento a vocês um contraponto. Destaco que não conheço pessoalmente o Piragine, mas acredito que seja um homem de Deus. Apenas acho que viajou na batatinha... E como! Pior do que isso: o vídeo foi aplaudido por muitos crentes (talvez, pior ainda, foi assistido por não evangélicos...). #vergonhaalheia

Quanto à discussão das uniões homoafetivas, infelizmente, mais uma vez, a IGREJA não soube se posicionar. No lugar de colocar em prática o discurso "Jesus ama o pecador", a chamada bancada evangélica e alguns telepastores preferiram ficar gritando (inclusive em alguns programas de TV não-evangélicos) contra os homossexuais. Dessa forma, é muito óbvio ser perseguido e bancar o mártir, não acham? (o que deve virar um círculo vicioso, pois ser perseguido, para eles, deve ser "sinal" de estar no caminho certo). Deveríamos ganhar os homossexuais pelo amor (o que não exclui o "vai e não peques mais"), no lugar desse pânico todo. De um lado, os gays nos odeiam e nós os afastamos da Igreja... Tá, Alexandre! Mas se o Michel Temer for mesmo um satanista? E se a PLC122/2006 for aprovada? Eu só sei de uma coisa, caros leitores:

Que sejamos sal e luz! E que amemos os homossexuais! O que realmente nos amedronta? Antes de responder, deixe-me declarar o seguinte: Que Deus nos livre de um Estado xiita-evangélico! #prontofalei

E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. (Efésios 5:2)

Com amor,

Alexandre: um jovem que votará em Marina Silva, mas não faz terrorismo contra o PT. Para isso, existe a Regina Duarte... :P


sábado, 18 de setembro de 2010

Tempo que foge!



Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.


Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.


Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.


Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembléias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.


Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos fatos à limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.


Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou sobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Minha resposta será curta e delicada: - Gosto, e ponto final! Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.


Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia do Chico Buarque e do Vinicius de Moraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann, Ernest Hemingway e José Lins do Rego.


Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a “última hora”; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.

Soli Deo Gloria


Ricardo Gondim

sábado, 12 de junho de 2010

terça-feira, 8 de junho de 2010

Cansei dos Cansados


Cansei!

Não agüento mais ler textos do tipo “a igreja não presta”, “Deixei a igreja para ser cristão”, “a religião é uma porcaria”, “depois que abandonei a igreja é que entendi o que é ser cristão”, etc...

Não! Não falo daqueles que, ao criticarem a religiosidade (e não a religião) e o institucionalismo (e não a instituição), nos desafiam a, em comunidade, buscarmos um meio de “oxigenarmos” algo que parece estar empoeirado e sem vida.

Os que criticam, mas permanecem DENTRO, lutando para que o monstro perca a viscosidade e o lodo que assim lhe fizeram e que se volte ao “primeiro amor”, ou à missão integral... estes têm meu respeito e admiração. Faço coro com eles.

Mas cansei daqueles que falam por falar... que entraram na moda (sim, porque agora é moda) de detonarem a instituição por nada! Gente que não tem compromisso com um grupo local e que, através deste, quer mudar o quadro triste em que nos encontramos não tem meu tempo, que já é escasso, para seus exercícios de “francos-atiradores”.

Cansei daqueles que vociferam contra a “instituição oficial” e criam “instituiçõezinhas” paralelas, com a mesma estrutura, mesmo “formato”, mesma liderança... até porque são formados pelo mesmo tipo de problema da “religião”: pessoas!

Cansei da “apologética” que nada mais é que um humor nonsense , desprovido de compromisso com a Palavra, sem propostas significativas para o que se fazer “no lugar de”. A estes, cabe a mesma crítica que faço ao liberalismo teológico: destroem sem ter nada para construir depois.” Isto é iconoclastia, e não crítica construtiva! Esses nunca souberam o que é a apologética e envergonham aqueles que nos séculos de cristianismo a fizeram às custas de muito estudo, cuidado e zelo.

Cansei!

Cansei porque mesmo achando a RELIGIOSIDADE um câncer no meio da igreja, entendo a religião como algo inerente ao ser humano, que já nasce com essa “falta”, com esse desejo de se “re-ligar” a algo ou alguma coisa. Bater na religião por causa da religiosidade é como desfazer-se da política, como ciência e realidade de um povo, por causa dos políticos e do mau uso que fazem daquilo que deveria ser bom.

Cansei porque mesmo considerando um absurdo e um abuso o que muitos pastores fazem em relação ao dinheiro, sugando literalmente o suado trabalho de seus “fiéis”, valendo-se de ameaças e maldições para aqueles que não lhes entregam os bens, ainda acredito na liberalidade e na validade ainda para hoje dos princípios de sustento e manutenção da obra através de dízimos e ofertas, como frutos de gratidão e consciência.

Cansei porque mesmo não fechando os olhos para os inúmeros pastores pilantras e suas igrejas alienadas, ainda acredito que haja gente séria à frente de ministérios sérios e que há, SIM, igrejas onde a instituição está a serviço do povo e não o contrário. Acredito que aqui e ali, ainda encontramos gente sincera, honesta e que quer realmente ser igreja, UNS COM OS OUTROS, porque entenderam que NÃO EXISTE IGREJA SEM COMUNIDADE!

Cansei porque mesmo sabendo das imperfeições da igreja local é justamente por isso que entendo a graça manifesta no meio da comunidade, onde há a troca de experiências, o “suportar-se uns aos outros”, onde o defeito do outro não é maior que o meu (antes me ensina e me alerta), e JUNTOS, experimentamos da graça que nos une, perdoa e nos transforma dia-a-dia, na nova criação de Deus, sinalizando seu Reino de justiça e amor, apesar de nossas imperfeições.

Cansei!

Quero fazer diferença onde eu estiver, no meio do povo, sem pensar que “me excluindo é que consigo realizar o que Cristo quer”. Isso não existe.

Repito: Só há cristianismo ou “evangelho do Cristo” como preferem os puristas, na vida em comunidade, porque mesmo Deus desconhece a solidão, e existe em comunidade: a trindade! Quando dizemos que podemos viver a vida do Cristo sozinhos, ofendemos a Deus e sua unidade na diversidade trinitariana.

Cansei, mas minhas forças se renovam ao ouvir gente como Ed Rene Kivitz, Ricardo Gondim, Carlos Novaes, Ricardo Barbosa, Valdir Steuernagel, Robinson Cavalcanti, entre outros... que mesmo reconhecendo a fragilidade (e acho que essa fragilidade é boa) e os defeitos da instituição, a criticam para mudá-la, colocando-a no devido lugar, como serva das pessoas que se reúnem e não como senhora de seus desejos e caprichos.

Àqueles que criticam por criticar... que “cansaram”, mas estão “descansando em seu cansaço”, perdoem-me... cansei de vocês!

José Barbosa Junior

Rio, 07 de junho de 2010


Vi o Junior hoje, de bermudão, bem estilo "sou carioca", no Centro do Rio. Tive que dar um abraço e parabenizá-lo por este texto cafona, brega, fora de moda... =)

sábado, 5 de junho de 2010

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Recomeço [parte III]


Fiz mais do que posso
Vi mais do que agüento
E a areia dos meus olhos é a mesma
Que acolheu minhas pegadas

Depois de tanto caminhar
Depois de quase desistir
Os mesmos pés cansados voltam pra você.
Pra você.

Eu lutei contra tudo
Eu fugi do que era seguro
Descobri que é possível viver só
Mas num mundo sem verdade.

Depois de tanto caminhar
Depois de quase desistir
Os mesmos pés cansados voltam pra você.
Pra você.

Sem medo de te pertencer.
Voltam pra você.

Depois de tanto caminhar
Depois de quase desistir
Os mesmos pés cansados voltam pra você.
Pra você.

Meus pés cansados de lutar
Meus pés cansados de fugir
Os mesmos pés cansados voltam pra você.
Pra você.

Pés Cansados - Sandy Leah.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Crônica, irônica…


Tive um verdadeiro dia de Ninja, ontem, em Niteroi. Antes, preciso explicar algumas coisas… Tenho a matrícula trancada na UFF, há um ano e alguns meses. Difícil conciliar duas faculdades mais estágio! Ano passado, passei na biblioteca e peguei um livro pra ler (o que mais poderia fazer, numa biblioteca, né?). Pois bem! Acontece que demorei alguns dias para renovar o livro… Dias, não! Meses. 6 meses, para ser exato. É claro que, nesse tempo todo, já terminei de ler o livro. Dessa forma, ontem foi o dia de devolver o livro (e levar uma bronca). Aproveitei o dia, para rever um amigo que passaria por Niteroi. E assim começa a história…

13h30min: esse era o horário marcado para nosso bate-papo, em frente à Biblioteca Central da UFF, no Gragoatá. No entanto, por descuido e vontade de tirar água do joelho, perdi a barca da vez. Abre parêntesis. Se me perguntarem o que mais me chateia nas Barcas S/A, sem dúvida, incluo a ausência de um sinal, alarme, sirene dentro do banheiro pra alertar os higiênicos que a barca está saindo… Fecha parêntesis. Chegando em Niteroi, às 13:50, sabia que era dificílimo encontrar meu amigo na UFF. Mas, como precisava devolver o livro (e levar uma bronca), fui ao Gragoatá. Ainda na calçada do indío Arariboia, vi um corre-corre, além de gente olhando “alguma coisa do outro lado da rua” (ouvi de um jornaleiro, nitidamente assustado, enquanto fechava sua banca). Mesmo assim, segui meu trajeto, rumo ao campus do Gragoatá.

A rua estava um pouco deserta, mas imaginava que fosse em decorrência do temporal que assolou o Estado e, principalmente, a cidade de Niteroi. Até então, 132 pessoas morreram na cidade. Muito triste! As aulas foram suspensas e o prefeito declarou estado de calamidade pública. Pensei que fosse encontrar, pelo menos, a Biblioteca aberta. Mas, todo campus estava sem funcionar. Apenas porteiros, seguranças e pouquíssimos outros funcionários estavam ali. O jeito foi deixar o campus e voltar pra casa. Até que… descobri a razão de todo alvoroço visto no Centro de Niteroi: arrastão. Inevitável pergunta que fiz para mim mesmo: o que um aluno com matrícula trancada na UFF faz dentro de um campus dessa universidade, justamente em dia de arrastão? Fiquei ilhado. As notícias vindas de funcionários que retornavam ao campus eram cada vez piores. Somando com o barulho de helicoptero que sobrevoava Niteroi, muitos consideraram a opção de passar o dia inteiro dentro da UFF. Morro não sei da onde, arrastão, Plaza Shopping fechado… Isso era o que ouvia, sem entender muito bem o que, de fato, estava acontecendo.

Icarai também foi tomada pelo arrastão – disse uma funcionária da UFF. Corajosamente, uma mulher resolveu ir pra casa, mesmo depois de obter a recomendação do porteiro de ter muito cuidado. Sim, o que ouvíamos lá dentro estava ficando mais assustador que o próprio arrastão; por isso, passamos a desconsiderar uma pernoite na UFF. Resolvemos ir embora e enfrentar o que tivesse que ser enfrentado. Reencontrei um professor – o pior de toda minha graduação; para minha surpresa, a mulher que saiu da UFF comigo disse “oi” pra ele também. Ela disse que teve aula com ele, “nos anos 90” e que estava na UFF para obter informação de um concurso para professores: era formada em Ciências Sociais e tinha algumas semanas de que havia retornado da Alemanha, onde havia morado por 8 anos.

Mais adiante, fomos orientados a tomar outro caminho, depois de ziguezaguearmos feito loucos pela rua. A recomendação era para que evitássemos determinado local, por onde havia até mesmo um Caveirão… Pelo menos, foi isso que nos disseram. A cidade realmente parecia estar em pé de guerra! No entanto, próximos da Faixa de Gaza – Plaza Shopping –, passamos por policiais e até carro da Globo e do SBT… E nada, absolutamente nada parecia ser assustador. Até que um jovem, baixo, com skate nas costas (?!) e de cabelo em pé nos pediu dinheiro para ajudar na sua dor de dente. Minha nova amiga – socióloga e que ficou um tempo na Alemanha – deu ao jovem a única nota que tinha, segundo ela, de dois reais; enquanto eu, por bravura ou pãodurice, não dei dinheiro ao “espertinho”… Após abrir a boca e mostrar os dentes, o jovem disse algumas coisas que não conseguíamos decifrar… parecia uma preliminar de assaltante! Olhamos, minha nova amiga e eu, um para cara do outro. E corremos. Cada um foi para seu canto. Parecia cena de militantes correndo de guardinha, no período da ditadura (#geraldovandre).

Foi um dia estranho. Na rua, aconteceu de tudo. De vez em quando, acho que muita coisa foi fruto de minha imaginação, incluindo a conversa com os funcionários na UFF. Acho que conheci a toca do coelho, o país das maravilhas, matrix, a quimera de Descartes… Sei lá! Brincadeira. Nem tanto, mas que as coisas estavam muito aleatórias… Como estavam! Chapeleiro maluco está fazendo escola! Sinceramente, nem sei a razão de registrar isso (e com todos esses parágrafos, agradeço pela leitura).

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O temporal no Rio e a FCCC

Chuva, aguaceiro, enchente, temporal, alagamento... O Rio de Janeiro amanheceu nesta terça-feira ilhado. Sim, pois a chuva da madrugada não deu trégua. Já imaginava um trânsito caótico, por conta da chuva incessante. Ao ligar a TV, constatei a calamidade: ruas alagadas, ponte Rio-Niterói interditada... Não dava pra sair de casa. Sem chance! Pra quem não sabe, a prefeitura e o Estado do Rio têm uma parceria com a Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC). É uma Fundação que alega ter poderes mediúnicos de controlar o tempo, através do espirito do Cacique Cobra Coral incorporado em Adelaide Scritori (presidente da FCCC). O propósito deste post não é fazer chacota com o espiritismo. Apenas questiono a eficácia de se consultar espíritos para intervir no tempo... Ressalto que não quero responsabilizar Deus pela morte de 102 pessoas (número que tende a crescer, infelizmente); tampouco, relacionar os acontecimentos como prova de um Deus cristão irado pela consultoria mediúnica... Seria indelicadeza às vitimas do temporal, além de fanatismo xiita-cristão. O que busco é questionar o poder da FCCC de controlar o tempo. Por que o Estado (laico?) confia na FCCC? Fica minha pergunta e oração pelas famílias envolvidas na calamidade.

"Alguns confiam em carros e outros em cavalos (e outros na FCCC), mas nós confiamos no nome do Senhor, o nosso Deus." (Salmo 20:7)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Recomeço [parte II]

Primeiro era vertigem como em qualquer paixão
Era só fechar os olhos e deixar o corpo ir no ritmo

Depois era um vício, uma intoxicação
Me corroendo as veias, me arrasando pelo chão

Mas sempre tinha a cama pronta e rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão pra você ver
Que eu tô voltando pra casa, me vê
Que eu tô voltando pra casa outra vez (Lucas 15.1 - 20)

Às vezes é tormenta, fosse uma navegação
Pode ser que o barco vire, também pode ser que não
Já dei meia-volta ao mundo levitando de tesão
Tanto gozo e sussurro já impressos no colchão

Pois sempre tem a cama pronta e rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão pra você ver
Que eu tô voltando pra casa, me vê
Que eu tô voltando pra casa outra vez (Lucas 15. 21)

Primeiro era vertigem como em qualquer paixão
Logo mais era um vício me arrasando pelo chão
Pode ser que o barco vire, também pode ser que não
Já dei meia-volta ao mundo levitando de tesão

Pois sempre tem a cama pronta e rango no fogão
Luz acesa, me espera no portão pra você ver
Que eu tô voltando pra casa, me vê
Que eu tô voltando pra casa outra vez (Lucas 15. 22 - 31)

Casa - Lulu Santos.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Estação: Outono


Hoje, o dia amanheceu meio cinza... Cor de elefante! Bom pra ler um livro, comer pipoca e assistir Sessão da Tarde ("A Lagoa Azul", pela enésima vez...), postar alguma coisa interessante no blog... Pois bem! Fim de carnaval e início de março. Outono é um "divisor de águas" entre verão e inverno, estações tão opostas como: quente e frio, seco e molhado... Sou daqueles que gosta de pensar na vida como estações. Há sempre aquela estação preferida, não é mesmo? Mas, inevitavelmente, é preciso passar por cada estação, durante o ano. Eu sei, eu sei... "Em terra tupiniquim, as estações não são totalmente definidas" e "em tempos de aquecimento global"... De qualquer forma, estou trabalhando com metáforas, lembra? "...pensar na vida como estações." =) Para viver, é preciso passar por todas as estações. O outono está chegando. E como dizia o poeta: "São as águas de março fechando o verão. É a promessa de vida no teu coração." (Tom Jobim)

... E sem querer implicar com a dupla infantil de minha época (anos 90), discordo um pouco da música "As quatro estações". Ok! Visões diferentes.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Salvação é de Graça!

The Cranberries, uma de minhas bandas preferidas, virá ao Brasil. U-hul! Mas, mesmo sendo "uma de minhas bandas preferidas", não devo ir ao show... Por quê? Ora pois! Vai ser longe de casa e não estou afim de voltar tarde, sem companhia... E o ingresso mais em conta é 80 reais (mesmo com a carterinha de estudante). Que chato! :P

A banda não é "gospel" (reticências...), mas considero suas letras bem sugestivas...


Salvation
Salvação

To all those people doin' lines
Para todas as pessoas fazendo linhas
Don't do it, don't do it
Não faça isso, não faça isso
Inject your soul with liberty
Injete sua alma com liberdade
It's free, it's free
É grátis, é grátis

To all the kids with heroin eyes
Para todas as crianças com olhos de heroína
Don't do it, don't do it
Não faça isso, não faça isso
Because it's not, not what it seems
Porque não é, não é o que parece
No, no it's not, not what it seems
Não, não é não, não é o que parece

Salvation, salvation
Salvação, salvação
Salvation is free
A salvação é grátis
Salvation, salvation
Salvação, salvação
Salvation is free
A salvação é grátis

ah haha, ah haha, ah haha
ah haha, ah haha, ah haha

To all the parents with sleepless nights
Para todos os pais com noites sem dormir
Sleepless nights
Noites sem sono
Tie your kids on to their beds
Amarre os seus filhos sobre a sua cama
Clean their heads
Limpe as cabeças deles

To all the kids with heroin eyes
Para todas as crianças com olhos de heroína
Don't do it, don't do it
Não faça isso, não faça isso
Because it's not, not what it seems
Porque não é, não é o que parece
No, no it's not, not what it seems
Não, não é não, não é o que parece

Salvation, salvation
Salvação, salvação
Salvation is free
A salvação é grátis
Salvation, salvation
Salvação, salvação
Salvation is free
A salvação é grátis
Salvation, salvation
Salvação, salvação
Salvation is free
A salvação é grátis
Salvation, salvation
Salvação, salvação
Salvation is free
A salvação é grátis

domingo, 17 de janeiro de 2010

Recomeço

Quero cantar uma nova canção. Estou desejoso de dançar a música da Graça. Não tenho mais tempo para a religião fria e calculista que aponta meus erros numa espécie de saldo devedor. Desisto de imaginar um Deus mal-humorado, sisudo, de tocaia, que “descobre” meu pecado. Creio num Deus que perdoa meus pecados de ontem, hoje e amanhã. Seu amor é eterno e imutável. Desisto de imaginar um Deus recatado, pudico, envergonhado... Não! Deus é santo e amável. Somos nós, pecadores, que ficamos constrangidos com Sua presença. Se não fosse a Graça de Deus, nós é que estaríamos “em apuros”, e não Ele.

Desisto de me filiar a grupos, movimentos, organizações para “impactar o mundo”. Creio no sacerdócio universal: minha presença, onde estou, precisa influenciar outras pessoas. Creio na coletividade, ao mesmo tempo em que preciso ser pastor de crianças, jovens, adultos, anciãos, estudantes, profissionais liberais, indígenas... Creio em vocação, chamado, evangelismo criativo... Não consigo imaginar um cristianismo formatado, quadrado, feito caixa de sapato. Creio na missão integral: “O Evangelho todo, para o homem todo, para todos os homens.”

Desisto de enxergar Deus apenas nas músicas do Cantor Cristão ou nos corinhos de “Ministério de Louvor e Adoração”. Deus é o mestre da arte e se revela como quer até mesmo na MPB. Também desisto de participar de eventos para lotar a igreja, quando esses eventos não se preocupam com o pastoreio de toda essa gente (que lotou a igreja). Creio numa igreja simpática, onde geração não se refira à faixa etária, onde pessoas cuidam de pessoas. Creio na Igreja orgânica que é feita de gente para gente. A Igreja que é agente da Graça de Deus.

Desisto de deixar de lado os santos católicos que inspiram simplicidade e uma vida consagrada a Deus, apenas porque não fazem parte da galeria de homens e mulheres protestantes. Incluindo os que não se tornaram “santos” (conforme a liturgia católica), creio ser possível admirar a simplicidade de Francisco de Assis, o serviço de Madre Teresa de Calcutá, a disciplina de Henri Nouwen, a imaginação de Chesterton, a solidariedade de Zilda Arns...

Desisto de tentar agradar todo mundo. Como alguém já disse, a clássica frase de “O Pequeno Príncipe” – “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” – pode ser um verdadeiro “cativeiro”. Amar não é uma troca de favores que conduz a esquizofrenia fanática. Creio no amor desinteressado, o amor ágape do pai que perdoa o filho pródigo e não espera uma boa explicação pelo abandono repentino. Pronto. É isso o que farei. Mesmo que erre, quero correr para os braços do Pai. Não preciso ensaiar nenhum discurso. Ele me ama, apesar dos meus erros. Eu me arrependo. Sua Graça me basta. Na casa de Papai há trajes novos, festa, dança, anel no dedo, pão e vinho.

Baseado no melhor livro que li em 2009 (e um dos melhores de toda a minha vida): NOUWEN, Henri J. M. A volta do filho pródigo: a história de um retorno para casa. 14 ed. São Paulo: Paulinas, 2007. Também vale conferir a canção do Gerson Borges sobre o livro.