sexta-feira, 30 de abril de 2010

Recomeço [parte III]


Fiz mais do que posso
Vi mais do que agüento
E a areia dos meus olhos é a mesma
Que acolheu minhas pegadas

Depois de tanto caminhar
Depois de quase desistir
Os mesmos pés cansados voltam pra você.
Pra você.

Eu lutei contra tudo
Eu fugi do que era seguro
Descobri que é possível viver só
Mas num mundo sem verdade.

Depois de tanto caminhar
Depois de quase desistir
Os mesmos pés cansados voltam pra você.
Pra você.

Sem medo de te pertencer.
Voltam pra você.

Depois de tanto caminhar
Depois de quase desistir
Os mesmos pés cansados voltam pra você.
Pra você.

Meus pés cansados de lutar
Meus pés cansados de fugir
Os mesmos pés cansados voltam pra você.
Pra você.

Pés Cansados - Sandy Leah.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Crônica, irônica…


Tive um verdadeiro dia de Ninja, ontem, em Niteroi. Antes, preciso explicar algumas coisas… Tenho a matrícula trancada na UFF, há um ano e alguns meses. Difícil conciliar duas faculdades mais estágio! Ano passado, passei na biblioteca e peguei um livro pra ler (o que mais poderia fazer, numa biblioteca, né?). Pois bem! Acontece que demorei alguns dias para renovar o livro… Dias, não! Meses. 6 meses, para ser exato. É claro que, nesse tempo todo, já terminei de ler o livro. Dessa forma, ontem foi o dia de devolver o livro (e levar uma bronca). Aproveitei o dia, para rever um amigo que passaria por Niteroi. E assim começa a história…

13h30min: esse era o horário marcado para nosso bate-papo, em frente à Biblioteca Central da UFF, no Gragoatá. No entanto, por descuido e vontade de tirar água do joelho, perdi a barca da vez. Abre parêntesis. Se me perguntarem o que mais me chateia nas Barcas S/A, sem dúvida, incluo a ausência de um sinal, alarme, sirene dentro do banheiro pra alertar os higiênicos que a barca está saindo… Fecha parêntesis. Chegando em Niteroi, às 13:50, sabia que era dificílimo encontrar meu amigo na UFF. Mas, como precisava devolver o livro (e levar uma bronca), fui ao Gragoatá. Ainda na calçada do indío Arariboia, vi um corre-corre, além de gente olhando “alguma coisa do outro lado da rua” (ouvi de um jornaleiro, nitidamente assustado, enquanto fechava sua banca). Mesmo assim, segui meu trajeto, rumo ao campus do Gragoatá.

A rua estava um pouco deserta, mas imaginava que fosse em decorrência do temporal que assolou o Estado e, principalmente, a cidade de Niteroi. Até então, 132 pessoas morreram na cidade. Muito triste! As aulas foram suspensas e o prefeito declarou estado de calamidade pública. Pensei que fosse encontrar, pelo menos, a Biblioteca aberta. Mas, todo campus estava sem funcionar. Apenas porteiros, seguranças e pouquíssimos outros funcionários estavam ali. O jeito foi deixar o campus e voltar pra casa. Até que… descobri a razão de todo alvoroço visto no Centro de Niteroi: arrastão. Inevitável pergunta que fiz para mim mesmo: o que um aluno com matrícula trancada na UFF faz dentro de um campus dessa universidade, justamente em dia de arrastão? Fiquei ilhado. As notícias vindas de funcionários que retornavam ao campus eram cada vez piores. Somando com o barulho de helicoptero que sobrevoava Niteroi, muitos consideraram a opção de passar o dia inteiro dentro da UFF. Morro não sei da onde, arrastão, Plaza Shopping fechado… Isso era o que ouvia, sem entender muito bem o que, de fato, estava acontecendo.

Icarai também foi tomada pelo arrastão – disse uma funcionária da UFF. Corajosamente, uma mulher resolveu ir pra casa, mesmo depois de obter a recomendação do porteiro de ter muito cuidado. Sim, o que ouvíamos lá dentro estava ficando mais assustador que o próprio arrastão; por isso, passamos a desconsiderar uma pernoite na UFF. Resolvemos ir embora e enfrentar o que tivesse que ser enfrentado. Reencontrei um professor – o pior de toda minha graduação; para minha surpresa, a mulher que saiu da UFF comigo disse “oi” pra ele também. Ela disse que teve aula com ele, “nos anos 90” e que estava na UFF para obter informação de um concurso para professores: era formada em Ciências Sociais e tinha algumas semanas de que havia retornado da Alemanha, onde havia morado por 8 anos.

Mais adiante, fomos orientados a tomar outro caminho, depois de ziguezaguearmos feito loucos pela rua. A recomendação era para que evitássemos determinado local, por onde havia até mesmo um Caveirão… Pelo menos, foi isso que nos disseram. A cidade realmente parecia estar em pé de guerra! No entanto, próximos da Faixa de Gaza – Plaza Shopping –, passamos por policiais e até carro da Globo e do SBT… E nada, absolutamente nada parecia ser assustador. Até que um jovem, baixo, com skate nas costas (?!) e de cabelo em pé nos pediu dinheiro para ajudar na sua dor de dente. Minha nova amiga – socióloga e que ficou um tempo na Alemanha – deu ao jovem a única nota que tinha, segundo ela, de dois reais; enquanto eu, por bravura ou pãodurice, não dei dinheiro ao “espertinho”… Após abrir a boca e mostrar os dentes, o jovem disse algumas coisas que não conseguíamos decifrar… parecia uma preliminar de assaltante! Olhamos, minha nova amiga e eu, um para cara do outro. E corremos. Cada um foi para seu canto. Parecia cena de militantes correndo de guardinha, no período da ditadura (#geraldovandre).

Foi um dia estranho. Na rua, aconteceu de tudo. De vez em quando, acho que muita coisa foi fruto de minha imaginação, incluindo a conversa com os funcionários na UFF. Acho que conheci a toca do coelho, o país das maravilhas, matrix, a quimera de Descartes… Sei lá! Brincadeira. Nem tanto, mas que as coisas estavam muito aleatórias… Como estavam! Chapeleiro maluco está fazendo escola! Sinceramente, nem sei a razão de registrar isso (e com todos esses parágrafos, agradeço pela leitura).

quarta-feira, 7 de abril de 2010

O temporal no Rio e a FCCC

Chuva, aguaceiro, enchente, temporal, alagamento... O Rio de Janeiro amanheceu nesta terça-feira ilhado. Sim, pois a chuva da madrugada não deu trégua. Já imaginava um trânsito caótico, por conta da chuva incessante. Ao ligar a TV, constatei a calamidade: ruas alagadas, ponte Rio-Niterói interditada... Não dava pra sair de casa. Sem chance! Pra quem não sabe, a prefeitura e o Estado do Rio têm uma parceria com a Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC). É uma Fundação que alega ter poderes mediúnicos de controlar o tempo, através do espirito do Cacique Cobra Coral incorporado em Adelaide Scritori (presidente da FCCC). O propósito deste post não é fazer chacota com o espiritismo. Apenas questiono a eficácia de se consultar espíritos para intervir no tempo... Ressalto que não quero responsabilizar Deus pela morte de 102 pessoas (número que tende a crescer, infelizmente); tampouco, relacionar os acontecimentos como prova de um Deus cristão irado pela consultoria mediúnica... Seria indelicadeza às vitimas do temporal, além de fanatismo xiita-cristão. O que busco é questionar o poder da FCCC de controlar o tempo. Por que o Estado (laico?) confia na FCCC? Fica minha pergunta e oração pelas famílias envolvidas na calamidade.

"Alguns confiam em carros e outros em cavalos (e outros na FCCC), mas nós confiamos no nome do Senhor, o nosso Deus." (Salmo 20:7)